17.10.09

O escritor invisivel.

Escreves, escreves, escreves,
Só sabes escrever.
Sem lágrimas
Sem risos.
Escreves capítulos,
E encostas junto ao mar
Onde as ondas rebentam
E as almas se esquecem de voar.
Voltas a escrever.
O bar fecha às 3h
E a página fica vazia.

Encerrado num filme de Jodorowski

Sonho é vir-se com a loucura,
O primeiro andar da trip – Sofrimento-
Não é merda, é apelo errado do desabafo.
Esbarra-se com a lágrima enclausurada do desespero
Gasta-se a morte,
Corre-se com o amor,
A carne torna-se lixo,
O ser torna-se cão,
Finaliza –me a angústia de acreditar
Que há uma flor na lua.
E o tempo é o obstáculo
Quando se entra por uma rua de sentido único falsa
E todo o sexo que tive queima ,
Como se caminhasse com a pila
Sobre o sol.
Bicho do abismo
-fogo que finge ser fogueira inofensiva –
Quem se queima caralho?

Como se ouve o silencio?

Capturar todos os sons,
Todas as vozes
Todos os silêncios gritantes
E epopeias sonoras.
Estreitar o que é demasiado extenso
Num corredor de violinos,
Olhos,
Boca,
Seios,
Brincos e uma noite.
Assim toca o rádio
E espuma a saliva,
Foi assim quando amanheceu
E a janela estava fechada.

Poeta

A água está a ferver,
Nela uma estrela cadente,
Poesia – poeira cósmica –
E se nem todos os poetas fossem poetas?
O último poeta vivo morreu.
(as estrelas também morrem)
Campa sem corpo
- O universo -
A poesia morreu.

Vertigens

Há alturas em que penso com a pila.
Há alturas em que penso com a razão.
Há até outras alturas em que penso com o coração.
E nas alturas em que penso com o coração,
Não sei se estou a pensar com a pila,
Se estou a pensar com a razão.

Comer

Como velhos que perseguem
Paranóias da memória ,
Comendo livros para
Os deixar amadurecer
Em prateleiras do pensamento
Camufladas das mentes inócuas,
Sedentas da carne,
Inocentes da mente.
Como velhos que pedem a conta
A quem não conta
Como se solta um perdigueiro
Nos bosques da percepção.

24.7.09

Vida Vazia

2009 Anos antes, Jesus Cristo, disse “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, nesta simples frase que todos ouviram, nem que por breves instantes, Jesus, filho de Deus (risos) coloca na humanidade, (que aceita suas palavras) que segue sua religião, obrigação de amar. Amar outro. Porém, como humanidade estamos longe de conseguir tal feito. Por alguma razão esse amor que tanto procuramos, como solução da vida vazia que levamos não chega, não chega só por si, não chega a ninguém. Seremos demasiado orgulhosos para amar completamente? Porquê? Que amor, só, em si, não basta? Ela zangou-se, ela não fala, ela não quer saber dele, ela diz que ele é egoísta, ela diz que quer que tomem conta dela. Ele gostava de não ser visto desta forma, por certo, ele gostava que ela não magoasse com palavras de fúria. Ele acredita no amor com ela, para ele isso basta. Mas o amigo diz-lhe, não. (mundo treme). Amor torna-se rasgado, subitamente, pano, que se vai desgastando no tempo, que por muito que se remende vai definhando. Os nãos vão saltando de boca em boca. Amor não absoluto. De tantas ideias diferentes sobre amor, ele perde-se (amor), ele (rapaz que ama, chora) verdadeiramente, só pensa nela. O só repete-se em palavras. Ponto. (Acendo cigarro) São tão poucas pessoas, tantos nãos. Talvez amor tenha deixado de existir, como fonte inexplicável. Ponto. Que amor seja só uma ideia em tantas cabeças, que sejamos incapazes de olhar para sentimentos só por si. Amor só amor. Que pessoas tenham desenvolvido uma capacidade de intelectualizar amor, que ele já não aconteça no peito que tantos poetas escreveram. Que amor seja só palavra bonita para expressar sentimento que vai definhando com tão infame pano. NÃO! Grita ele, ele sente verdadeiramente, para ele basta. Amor não se gasta, não se compra, não se vende, não se dá, nem tão pouco se entrega, diz ele, formulando em si, pensamentos sós. Amor molda-se? Constrói-se? Amor vítima de amor? Ele (tão afamado amor) não se dissipa, acontece, não se definha, definha antes razões, tantas vezes, só, as razões que sem sentimento tornam amor sem razão, mas razão, só existe nas pessoas. O que é amor? (Merda) Temos capacidade de amar, mas razão destrói sentimento, razão tão humana, razão que nos distingue dos restantes animais. Nunca poderemos perder estas capacidades, amar e pensar, mas não podemos pensar amor, nem amor, quando sentido, nos permite pensar claramente. (Pensam pessoas numa sala de fumo) Ele tenta esconder lágrimas. Ele ama-a. A voz dela ressoa-lhe na cabeça: “o amor, é sempre a merda do amor”. Não há razão neste amor, não há razão na discussão, não há razão para não acreditar no amor do outro, pelo outro. Mas histórias repetem-se. E amor continua a chegar. Dias todos, momentos todos que ela voa pela razão dele lembrando-lhe, do sentimento, amor, (ele grita outra vez) Amo-te. Só isto basta. Ponto final.